Viva a Revolta Popular no Irã!

Por Comitês de Ação dos Trabalhadores e Pobres! Pela auto-defesa organizada contra a repressão policial! abaixo o regime capitalista-teocrático! Unificar a Luta das Massas Iranianas com a Revolução árabe! 

 

Declaração da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI), 01.01.2018, www.thecommunists.net

 

 

 

1.             O regime capitalista-teocrático do Irã enfrenta a sua crise mais grave desde a "Revolução Verde" em 2009. Nos últimos quatro dias, protestos de massa se espalharam por todo o país. A insurreição começou em 28 de dezembro em Mashhad, um dos lugares mais sagrados do islã xiita. A insurreição logo se espalhou para as localidades de Kermanshah, Shari Kurd, Tehran, Hamadan, Isfahan, Yasuj, Karaj, Jajrud, Bajnurd, Rafsanjan e outras províncias. Na cidade central de Isfahan, os manifestantes juntaram-se a uma manifestação realizada por trabalhadores das fábricas que exigiam pagamento de salários atrasados. Manifestantes queimaram fotos de Khomeini e Khamenei, derrubaram carros policiais e incendiaram motocicletas policiais. Segundo relatos, pelo menos dois manifestantes foram mortos pelos órgãos de repressão do regime.

 

2.             No início, os protestos se concentraram nas reivindicações econômicas, em especial contra o alto custo de vida, a pobreza, o desemprego e a corrupção. Também houve raiva com relação aos cortes nos programas sociais e ao aumento do preço do combustível no último orçamento anunciado no início deste mês. Tudo isso não é surpreendente, dado que, de acordo com o Centro de Estatística do Irã, o desemprego aumentou para 12,4%, deixando cerca de 3,2 milhões de iranianos sem emprego. No entanto, os manifestantes logo adicionaram demandas políticas que estão dirigidas contra todas as facções do regime e contra sua política externa. Os slogans são: "Morte a Rouhani", "Morte ao ditador" (ou seja, Khamenei), "Não (apoiar) a Gaza, não (apoiar)o Líbano, minha alma é pela redenção do Irã", "Deixem a Síria e pensem em nós", "Vocês usam da religião e humilham as pessoas "," O governo está mentindo e suas promessas não são cumpridas "e" Unidade Unidade, Sem Medo, sem medo da polícia ".

 

3.             Fica claro que este é um levante de massa espontâneo contra o regime reacionário de Khamenei e Rouhani. Houve afirmações, como por exemplo, por parte do vice-presidente Eshaq Jahangiri, um aliado íntimo do presidente Hassan Rouhani, de que esses protestos foram iniciados por partidários da facção conservadora comandada por Khamenei. No entanto, mesmo que isso tenha sido o caso, é óbvio que os protestos tomaram uma dinâmica de massa espontânea que não é controlada por nenhuma facção do regime ou por qualquer outra pessoa. Muito pelo contrário, o levante é dirigido contra o regime como um todo, sem obter apoio de qualquer facção. Embora pareça que algumas forças reacionárias pró-monarquistas estejam intervindo nos protestos e tentando influenciá-las, é claro que essas forças atualmente desempenham um papel insignificante. Além disso, é um sinal importante e altamente progressista o fato de que os manifestantes protestem contra a arcaica política externa do regime. Em especial, na Síria, o Irã desempenha, juntamente com a Rússia imperialista, um papel crucial no apoio aos esforços contra-revolucionários do regime de Assad para esmagar a revolta dos trabalhadores e camponeses sírios que começou em março de 2011.

 

4.             A Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI) congratula-se com o levante dos trabalhadores iranianos, dos pobres e dos jovens. Nós apoiamos plenamente a sua luta contra a política reacionária do regime tanto em casa como no exterior. A tarefa dos revolucionários é ajudar os trabalhadores e oprimidos no Irã a se organizarem para a luta, dar-lhes uma perspectiva política e lutar contra qualquer força reacionária que estejam tentando infiltrar-se nos protestos. A CCRI considera este levante popular como um desenvolvimento crucial que poderia levar rapidamente a uma situação revolucionária, colocando a questão da tomada do poder para os trabalhadores e oprimidos iranianos. Além disso, poderia desempenhar um papel importante para eliminar a enorme intervenção militar contra-revolucionária do Irã na Síria e, portanto, aliviar a Revolução Síria da enorme pressão que enfrentou recentemente. Em geral, uma revolta popular no Irã, paralelamente à atual Revolução da Síria, a iminente Intifada do povo palestino e o movimento global em protesto contra a decisão de Trump sobre o status de Jerusalém e a luta heroica do povo iemenita contra a invasão saudita poderia reviver a onda revolucionária no Oriente Médio que começou em janeiro de 2011. Parte desse programa é o chamado para o levantamento de todas as sanções imperialistas contra o Irã. É tarefa de todos os socialistas trabalharem para tal perspectiva internacionalista e combiná-la com o programa de revolução permanente que combine a luta democrática com a revolução socialista.

 

5.             Os socialistas no Irã devem exigir a formação de comitês de ação nos locais de trabalho, nos ‘bairros, escolas e universidades para organizar os trabalhadores e os oprimidos. Esses comitês devem organizar a luta e decidir sobre as principais demandas, as formas de protestos, as perspectivas, etc. Eles também devem organizar unidades de autodefesa para proteger as manifestações contra os órgãos de repressão do regime. Além disso, os socialistas devem explicar que a solução não é o isolamento nacional, mas a expansão da luta pela libertação internacional, que inclui o apoio à Revolução Síria, assim como a luta palestina contra o inimigo sionista. Finalmente, os socialistas devem explicar que a luta de libertação deve ser dirigida contra todas as facções da classe dominante e contra todas as potências imperialistas. Eles deveriam defender, como explicamos na "Plataforma de Ação para o Irã" da CCRI, a perspectiva de um governo de trabalhadores e camponeses pobres, baseado em conselhos populares e milícias.

 

6.             O "apoio" verbal da administração Trump para os protestos no Irã não é nada mais que uma manobra cínica para explorar os problemas domésticos de um país que está no campo dos rivais imperialistas dos EUA, como Rússia e China. Dado o histórico por parte do imperialismo dos EUA em estrangular o Irã durante décadas com sanções econômicas e ameaçá-lo com ataques militares, é altamente improvável que esse "apoio" impressione qualquer um dos manifestantes iranianos. Claramente, todos os iranianos que se respeitam rejeitarão com profundo nojo qualquer afiliação com o islamofóbico e fomentador de guerras da Casa Branca.

 

7.             Podemos dar por certo que numerosos estalinistas e pseudo-anti-imperialistas denunciarão o levante popular no Irã como uma "conspiração do imperialismo norte-americano". Ignorando o fato de que os EUA não são o único poder imperialista do mundo e que estamos vivendo em um mundo marcado por uma rivalidade acelerada entre várias grandes potências (EUA, União Europeia, Rússia, China e Japão), eles vêem qualquer movimento das massas populares nos países sob influência do imperialismo russo / chinês, tal como o Irã, como sendo automaticamente um desenvolvimento do tipo reacionário. Isso demonstra não só o completo fracasso no pensar de forma marxista, ou seja, a falta de compreensão dos movimentos sociais pelas suas causas materiais, em vez de se adaptar às teorias de conspiração tolas na tradição da agência de direita Breitbart, do ex-conselheiro de Trump, Steve Bannon. Uma difamação tão escandalosa contra uma revolta popular democrática também prova mais uma vez que essas forças contra a revolta popular são "anti-imperialistas" apenas em palavras, mas na verdade são servos social-imperialistas em suas ações de Putin da Rússia e Xi Jinping da China.

 

8.             A luta pela libertação no Irã, bem como internacionalmente, só pode ser conquistada se formarmos um partido socialista revolucionário a nível nacional e internacional. Somente tal partido pode dar a liderança necessária para essas lutas. Somente tal partido pode transmitir o programa socialista às massas. É, portanto, a tarefa central de todas as forças revolucionárias consistentes se concentrarem na construção de tal partido. A CCRI exorta todos os revolucionários no Irã a lutar juntos pela fundação de tal partido.

 

* Apoiar o levante popular! Pela libertação de todos os prisioneiros! Defender os direitos democráticos de se reunir e fazer manifestações!

 

* Pelo aumento automático dos salários de acordo com o aumento dos preços para combater a inflação!

 

* Por um programa de emprego público sob controle dos trabalhadores!

 

* Abaixo o regime capitalista-teocrático! Contra tanto o Khamenei quanto a facção Rouhani!

 

* Pela formação de comitês de ação nos locais de trabalho, bairros, escolas e universidades!

 

* Pela criação de unidades organizadas de autodefesa!

 

* Por um governo de trabalhadores e camponeses pobres!

 

* Abaixo com as sanções imperialistas contra o Irã!

 

 

 

Secretaria internacional da CCRI