Evo Morales Entrega de Bandeja a Cabeça de Batistti ao Governo da Itália

 

Declaração da Corrente Comunista Revolucionária-CCR, 19 de janeiro de 2019, https://elmundosocialista.blogspot.com

 

 

 

O Presidente da Bolívia Evo Morales  entregou de bandeja a cabeça do ex-militante de esquerda Cesare Battisti ao governo ultra reacionário de Matteo Salvini da Itália. Battisti foi sumariamente extraditado pelo governo da Bolívia sem qualquer possibilidade  de direito a defesa ou mesmo de expor seus motivos, seu pedido de asilo político foi ignorado completamente. Poucas horas após ter sido detido pela polícia boliviana, o ativista italiano foi colocado em um avião e enviado para cumprir a prisão perpétua. Sob todos os aspectos sua extradição foi um ato  arbitrário do governo  de Evo Morales.

 

Cesare Battisti é um italiano ex-membro do Proletários Armados pelo Comunismo, um grupo militante de extrema-esquerda durante o período conhecido como Anos de Chumbo do  final dos anos 1960 até o fim da década de 1980 na Itália. Foi condenado à prisão perpétua. Para sair de sua terra natal, ele fugiu para a França e depois para o México antes de se estabelecer no Brasil em 2002. Com a vitória de do ultra-reacionário Jair Bolsonaro como presidente do Brasil a Suprema Corte revogou a decisão do governo Lula de conceder a Batistti o asilo político, e decretar a sua prisão imediata.

 

A facilidade e a rapidez  da extradição decretada por Morales causa uma grande suspeita sobre os reais motivos do governo boliviano – um governo de esquerda – ter feito esse grande favor à extrema direita do seu próprio país, assim como à extrema  direita brasileira e italiana. Tudo isso no mesmo momento em que a América Latina testemunha um crescimento de governos conservadores e neoliberais. A atitude de Morales ao entregar Batistti a seus algozes revela  uma vergonhosa capitulação, sob a qual podem estar relacionados os acordos políticos e econômicos da Bolívia com os governos de direita da América Latina e com o imperialismo americano.

 

O que pode-se explicar também é Morales acredita que, fazendo essas  concessões aos governos de direita da região, como por exemplo o vizinho Brasil de Bolsonaro, terá uma trégua ou será poupado de qualquer golpe de estado pelo imperialismo ou de seus fantoches locais.

 

A decisão de extraditar Battisti foi um forte  golpe  contra toda a esquerda da América Latina  e contra os que lutam contra o imperialismo. A própria  base social de Morales, a militância de seu partido (o MAS – Movimento ao Socialismo), e diversos setores da esquerda boliviana criticaram veementemente tal  decisão abrindo uma crise dentro da esquerda daquele país.

 

Foi ao mesmo tempo uma traição de Morales aos movimentos sociais e um presente dado por seu governo a Bolsonaro e a toda a extrema-direita mundial. Essa decisão demonstra aos setores mais avançados do movimento operário e popular que esse tipo governo de esquerda nacionalista do tipo de Evo Morales não não quer e nem tem condições levar seriamente a um enfrentamento decidido contra os setores de  direita e o imperialismo, devido a suas próprias limitações por buscar sempre a conciliação, ao invés de romper qualquer laço com a burguesia. Morales praticamente capitulou ao governo Bolsonaro e ao imperialismo americano e europeu.
A Corrente Comunista Revolucionária-CCR defende a unidade de ação com os  Comitês contra o Golpe, pela Liberdade de Lula, e pelo retorno dos direitos democráticos, assim estar nas ruas junto com os movimentos sociais e as lutas dos movimentos de massa. Somos categóricos em reafirmar que única defesa que o povo brasileiro tem contra o regime militarizado ultra-reacionário que já está em vigor é nossa luta e organização independentes. O que é necessário é a formação imediata de uma ampla frente unida de todas as organizações de massas da classe trabalhadora e oprimida (CUT, PT, MST, MTST, etc.) para organizar uma resistência de massas contra o governo Bolsonaro e seus ataques reacionários. Tal resistência deve incluir manifestações de massa e greves. Em última análise, é urgente preparar uma greve geral política para derrubar Bolsonaro!