Síria: Contra Assad e Contra o Imperialismo - Vitória da Revolução!

 

Pela solidariedade Internacional com a Revolução Popular Contra a Ditadura Assassina de Assad ! Mas Sem e Contra Qualquer Intervenção Militar Imperialista Ocidental!

 

Declaração da Tendência Comunista Revolucionária Internacional (RCIT-em Inglês), 27/08/2013. www.thecommunists.net

 

 

 

1. Os trabalhadores e camponeses na Síria estão suportando terrível miséria dia-a-dia pelas mãos da ditadura do assassino Assad. Mais de 100 mil pessoas já foram mortas desde que a revolução começou em março de 2011. O mais recente massacre se elevou a 1.300 pessoas - a maioria mulheres e crianças - por um ataque com armas químicas contra o território controlado pelos rebeldes em Ghouta, uma área a nordeste de Damasco, é apenas o mais recente e particularmente revoltante massacre que o regime Assad de Assad apoiado pela Rússia cometeu. Vários grandes potências imperialistas ocidentais - em particular os EUA, Grã-Bretanha e França - têm hipocritamente denunciado este último ataque de Assad com armas químicas e ameaçam com um limitado ataque militar. O RCIT afirma o seu apoio à revolução popular contra a ditadura reacionária Assad. Advertimos contra qualquer ilusão com os EUA, com o imperialismo britânico e francês, que nunca se importaram com o sofrimento das pessoas comuns e que têm apenas o interesse de expandir a sua hegemonia. Chamamos os trabalhadores internacionais e movimento de solidariedade para apoiar a Revolução Síria. Ao mesmo tempo, devem opor-se e impedir qualquer ataque militar imperialista ocidental, assim como impedir todo o apoio material para os gangsteres de Assad, pela Rússia, pelo Irã e seus aliados!

 

 

 

O CARÁTER DA REVOLUÇÃO SÍRIA

 

 

 

2. O RCIT apoiou desde o início a Revolução dos trabalhadores e camponeses sírios contra a ditadura burguesa do regime de Assad. Apoiamos a luta popular - mesmo que ocorra sob liderança de classe não operárias - para derrubar a ditadura. Advertimos contra quaisquer ilusões nas lideranças burguesas e pequeno-burguesas seculares e religiosas da oposição (FSA, Al-Nusra etc.) Apoiamos a formação massiva dos Conselhos de Coordenação Local e chamar para a sua transformação em Conselhos de Ação (assim como fizeram os soviéticos na Rússia, em 1917) e as milícias armadas dos operários e camponeses, que devem coordenar a organização em nível nacional. Nossa perspectiva é a luta por um governo dos trabalhadores aliado com os camponeses e pobres urbanos e com base em conselhos e milícias locais. Isto, porém, só é possível se um partido operário revolucionário for construído a tempo de levar os trabalhadores e oprimidos ao poder.

 

3. As grandes potências imperialistas da Rússia e da China, bem como o regime burguês do Irã e do Hezbollah libanês apoiam o regime reacionário de Assad com grandes entregas de armas, bem como o envio de soldados iranianos e do Hezbollah. É óbvio que sem este apoio militar, a ditadura de Assad já teria sido derrotada. O apoio dos imperialistas do Oriente para Assad não é surpreendente. A Síria é o mais importante aliado da Rússia no Oriente Médio. Ela abriga uma base naval militar russa em Tartus, na costa do Mediterrâneo. O regime de Assad é o sétimo maior cliente militar de Moscou e obteve cerca de 1,5 bilhões de dólares em armas entre 2000 e 2010. Os russos, assim como os monopólios chineses têm grandes participações no setor de energia da Síria (incluindo petróleo e gás), bem como em infraestrutura e turismo. A China também é o principal importador da Síria.

 

 

 

OS INTERESSES CONTRADITÓRIOS DOS EUA, DO IMPERIALISMO BRITÂNICO E DO IMPERIALISMO FRANCÊS

 

 

 

4. Dada a sua situação desesperadora, é compreensível que muitos sírios comuns esperem por uma intervenção militar ocidental. No entanto, advertimos que o povo sírio não tem nada a ganhar, mas só a perder com tal ataque da OTAN. Qualquer ataque limitado militar imperialista contra as forças de Assad não vai afetar seriamente o equilíbrio militar no campo de luta terreno. Não nos esqueçamos de que o povo líbio venceu sua revolução armada em 2011 por causa de seu caráter popular, bem como a sua superioridade numérica e inúmeras escaramuças das massas contra o exército mercenário do Gaddafi – e não por causa dos limitados ataques aéreos da OTAN! A administração Obama não é amiga, mas um inimigo da revolução síria! Um dos seus principais representantes, o presidente do Comando Conjunto de Defesa General Martin Dempsey, declarou abertamente poucos dias atrás: "A administração Obama se opõe à intervenção militar, mesmo limitada, dos EUA na Síria porque acredita que os rebeldes que lutam contra o regime de Assad não iriam apoiar os interesses americanos se eles a tomarem o poder no momento.”

 

5. Quais são as razões para a administração Obama e seus aliados britânicos e franceses a considerar agora um ataque militar limitado contra o exército de Assad? Para avaliar devemos ter em mente os interesses dos imperialistas - Ocidental e Oriental – no sentido de reverter a Revolução Árabe, assim como a rivalidade inter-imperialista. Os EUA, a Grã-Bretanha e a França querem voltar a estabilizar esta região estrategicamente importante e compensar sua perda de influência. Os EUA, os britânicos e os imperialistas franceses querem conter e, se possível, acabar com a guerra civil da Síria para evitar uma nova propagação da Revolução Árabe. As grandes potências ocidentais, bem como o pequeno poder imperialista de Israel temem que a guerra civil possa resultar em uma situação em que as forças populares hostis contra o imperialismo e contra o sionismo poderiam ganhar influência enorme e ameaçar os seus interesses na região. A situação altamente instável na Líbia desde a queda do regime de Kaddafi, onde milhares de operários e camponeses permanecem armados e organizados em milícias populares, é um ponto de advertência para os imperialistas. (Como é sabido, a Líbia foi o país onde o consulado dos EUA e da embaixada francesa foram atacados e o embaixador dos EUA, Christopher Stevens, foi morto em setembro de 2012.) Estas são as razões pelas quais o imperialismo dos EUA apoiou o golpe militar contrarrevolucionário em 3 de julho, no Egito, é por isso que eles não intervêm na Síria no lado do movimento rebelde, é por isso que eles começaram a nomear os setores dos rebeldes (Al-Nusra e outros) como "terroristas".

 

6. Ao mesmo tempo, as grandes potências ocidentais querem derrubar a hegemonia dos 'imperialismos russo e chinês na Síria e trazê-lo sob seu controle. Para isto, estão subornando e criando lacaios entre seções das lideranças da Coalizão Nacional para Síria Revolucionária e as Forças de Oposição e do Exército Sírio Livre. Para este propósito dão apoio político e diplomático, bem como alguns materiais de apoio para essas forças. Eles também têm maior probabilidade enviar alguns comandos do exército para a Síria para reforçar a sua influência entre essas lideranças rebeldes.

 

7. O que os imperialistas ocidentais gostariam de ver é uma "transição ordenada" rumo a um regime que consiste em uma aliança de algumas facções pró-imperialistas entre as lideranças dos rebeldes sírios e um setor do antigo regime Assad. Isso garantiria a continuação da ordem do aparato estatal burguês de Assad em que Assad é substituído por alguns políticos mais pró-ocidentais e antirrussos. Em suma, eles querem trazer um regime ao poder em Damasco, que não seja dependente de Moscou e de Pequim, mas de Washington, Berlim, Paris e Londres.

 

8. No entanto, como tantas coisas em um mundo marcado por contradições de classe, os interesses dos imperialistas ocidentais são marcados por várias contradições. Eles querem ganhar influência entre a liderança dos rebeldes, ao mesmo tempo não estão ajudando sua luta de forma significativa. Eles querem conter a revolução, mas ao mesmo tempo, assegurar que Assad seja substituído por um dos seus homens. Para isso deve-se acrescentar que o golpe militar no Egito em 03 de julho - que por sinal foi caracteristicamente saudado por Assad - foi um grande lance político para o prestígio dos imperialismos dos EUA e da UE (União Europeia na região). Todo o mundo árabe e muçulmano está ciente de que os militares egípcios não teriam se movido sem o consentimento dos EUA. Este foi um grande revés para os EUA e a UE tentarem recuperar alguma popularidade na região depois que já sofreu um revés com a derrubada das ditaduras de seus lacaios de confiança Ben Ali, Hosni Mubarak e Ali Salem. Alguns políticos nos governos ocidentais, certamente nutrem a esperança de recuperar alguma popularidade entre as massas árabes e muçulmanas se lançarem alguns ataques militares limitados contra o exército assassino Assad "por razões humanitárias". No entanto, dado os interesses políticos e econômicos em geral, é altamente improvável que as potências imperialistas ocidentais vão lançar uma intervenção militar séria - ou seja, o envio de tropas terrestres substanciais para a ocupação - da Síria, em um futuro previsível. Isso só poderia ser o caso se grandes mudanças ocorrerem no curso da Revolução e contra-revolução síria e árabe. Enquanto isso não acontece, o caráter dominante da guerra civil na Síria continua a ser apenas a luta de libertação das massas populares sírias contra a ditadura de Assad e toda a rivalidade inter-imperialista continua a ser um elemento secundário.

 

TÁTICAS REVOLUCIONÁRIAS

 

9 O RCIT e sua seção árabe-judaica em Israel / Palestina Ocupada reafirmam sua postura revolucionária e anti-imperialista. Lutamos pela vitória da revolução síria e ao lado na guerra civil com as forças rebeldes contra Assad, sem dar às lideranças religiosas e seculares burguesa e pequeno-burguesa existentes da oposição qualquer apoio político. Os Revolucionários na Síria devem participar na luta popular dos rebeldes, mas, além disso, avançar uma estratégia de luta socialista independente de poder da classe trabalhadora. Chamamos os trabalhadores internacionais e os movimento de solidariedade para apoiar a revolução síria com dinheiro, remédios, armas e voluntários. Os rebeldes sírios - que estão terrivelmente sem armas modernas - têm todo o direito de obter armas sempre que possível.

 

10. O RCIT se opõe a qualquer tipo de intervenção imperialista na Síria e no Oriente Médio. É por isso que apoiamos, respectivamente, a resistência do povo iraquiano, afegão e Mali contra as forças de ocupação ocidentais imperialistas. É por isso que nos opomos aos EUA / ao Reino Unido/ e aos ataques militares franceses na Líbia, em 2011, bem como na Sérvia / Kosovo, em 1999, continuando a apoiar as guerras justas de libertação do povo líbio e kosovares contra Kaddafi e respectivamente Milosevic.

 

11. Portanto, o RCIT chama a resistir a qualquer intervenção militar dos EUA, do imperialismo britânico ou do francês. Se os imperialistas ocidentais, incluindo Israel, ataquem a Síria de Assad, nós chamaremos os rebeldes a lutar em duas frentes: uma contra Assad outro contra o imperialismo. Quantas forças devem ser dedicadas a cada frente vai depender de quem é o mais perigoso dos dois inimigos a qualquer momento.

 

12. Os trabalhadores russos e os trabalhadores iranianos devem se opor e sabotar qualquer ajuda militar para o regime de Assad. Da mesma forma os trabalhadores do Ocidente devem obstruir os esforços dos governos imperialistas para lançar ataques militares contra a Síria. A classe trabalhadora em todo o Líbano deve pressionar o Hezbollah a parar o seu apoio a Assad. Em caso de um ataque militar ocidental chamamos manifestações de protesto nas ruas de Nova York, Londres, Paris e outras cidades ocidentais.

 

13. Nesta situação crucial em que a revolução árabe está ameaçada pelo golpe militar contrarrevolucionário imperialista no Egito e quando é possível uma interferência imperialista que se intensificou na Síria, a tarefa de forjar uma liderança revolucionária na Síria e internacionalmente é mais urgente do que nunca. Isso significa nada menos do que a construção de um partido operário revolucionário, como parte do futuro Partido Mundial da Revolução Socialista (que será a Quinta Internacional, em nossa opinião). Apenas tal partido é capaz de levar os trabalhadores e oprimidos ao poder e para abrir o caminho para o socialismo. Dada a terrível fraqueza das forças revolucionárias na Síria e no mundo, a tarefa mais imediata é a de reunir as autênticas forças revolucionárias em uma organização revolucionária internacional unida. O RCIT está dedicado a esta tarefa!

 

* Vitória da Revolução Síria! Abaixo a ditadura Assad!

 

* Pela solidariedade internacional com o movimento sírio rebelde popular!

 

* Parar o apoio russo e chinês para a ditadura assassina de Assad!

 

* EUA, Reino Unido e França: Nenhum ataque militar contra a Síria!

 

* Abaixo o Estado Sionista de Apartheid!

 

* Solidariedade com a luta pela libertação da Palestina! Apoiar a resistência contra a ditadura militar apoiada pelo imperialismo no Egito!

 

* Por um governo dos trabalhadores, aliado com os camponeses e pobres urbanos e com base em conselhos e milícias locais!

 

Secretaria Internacional da RCIT

 

 

 

Para ler mais sobre as posições do RCIT na revolução síria e a ingerência imperialista nos indicamos aos leitores as várias declarações Inglês dos artigos no site RCIT:

 

* Michael Pröbsting: US Administration: “Rebels fighting the Assad regime wouldn't support American interests if they were to seize power”, 22.8.2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/us-opposes-syrian-rebels

 

* Yossi Schwartz: Class struggle and religious sectarianism in Syria, 12.6.2013, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/class-struggle-and-religious-sectarianism-in-syria/

 

* Yossi Schwartz: Syria: After the defeat in Qusayr and ahead of the Battle for Aleppo, 11.6.2013, http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/syria-after-defeat-in-qusayr

 

* ISL-Leaflet: Victory to the Revolution in Syria! http://www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/victory-to-revolution-in-syria

 

* RCIT: Israel: Hands Off Lebanon and Syria!, 6.5.2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/israel-hands-off-lebanon-and-syria

 

* Yossi Schwartz: Turkey, Syria and Egypt: No Political Support for Bourgeois Forces Secular or Islamists, April 2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/isl-disagreement-with-free-haifa

 

* Yossi Schwartz: Victory to the Revolution in Syria! The second anniversary of the uprising in Syria, March 2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa/victory-to-syrian-revolution

 

* RKOB: Austria: Demonstration in Solidarity with the Revolution in Syria on 15.3.2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/austria-report-syria-demo-15-3-2013 with pictures and videos at www.rkob.net/multimedia/video-und-bilder-syriendemo-15-maerz-2013

 

* RCIT: Victory to the Revolution! Down with the dog Assad! All Power to the Workers and Peasants! For the Socialist Revolution in Maghreb and Mashreq! January 2013, www.thecommunists.net/worldwide/syria-solidarity

 

* Michael Pröbsting: The Coup d'État in Egypt and the Bankruptcy of the Left’s “Army Socialism”. A Balance Sheet of the coup and another Reply to our Critics (LCC, WIVP, SF/LCFI), Revolutionary Communist International Tendency (RCIT), 8.8.2013, www.thecommunists.net/worldwide/africa-and-middle-east/egypt-and-left-army-socialism.

 

* Michael Pröbsting: Liberation struggles and imperialist interference, www.thecommunists.net/theory/liberation-struggle-and-imperialism